quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Ninguém mas muita gente

Vais aqui e acolá
Para trás e para a frente
Pôr o arroz a cozinhar

Tiras pratos e panelas
Agarras a cafeteira com uma mão
Corres a todas as janelas
E segues para outra divisão

Lavas a loiça
Varres em todos os sítios o chão
Pões na máquina os cortinados
Que já muito sujos estão

Escreves uma carta
Colas no envelope o selo
A tua imensa electricidade
Chega até ao cabelo

Não sei de quem estou a falar
Mas deve haver tanta gente assim!
... com esta electricidade
Lavar chão, cozinhar, enfim

Não conheço ninguém assim
Mas muita gente há-de haver
Só vão para o seu jardim
Quando em casa nada houver para fazer


[Este texto foi feito dia 22 de Abril de 1993, quando andava na Escola Marquesa de Alorna, no 5º ano. Sempre que leio este texto apetece-me acrescentar:

Já agora
Que estou a comer pão de ló
Confesso que a pessoa em que estava a pensar
Era sem mais nem menos... a minha avó.]

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