segunda-feira, 18 de março de 2013

Existe um postulado político: o Zé não deve ter senso crítico



Zé é um sujeito bem feio
que vive por ali no passeio
as vezes ele é engraxate
as vezes vende língua ao empate

Zé mora de baixo da ponte
... por isso tem um belo tem um belo horizonte
o Zé cata comida no lixo
será que o Zé e gente ou é bicho

A mãe do Zé sempre foi simpática
embora não soubese gramática
sabia que onde tem marinheiro
dá sempre pra arranjar um dinheiro

O Zé é um sujeito bacana
só come uma vez por semana
o Zé é um sujeito batuta
é o próprio, próprio filho da luta!

Existe um postulado político
o Zé não deve ter senso crítico
enquanto a gente come filé
o Zé que chupa o dedão do pé

De vez enquando o Zé degenera
e vira um assaltante uma fera
o Zé outro Zé e outro junto
um deles sempre vira presunto

O Zé vê a polícia e já sai logo correndo
ea porrada é tanta e cacetete cantando

Polícia nunca sabe pq é que tá batendo
o Zé sempre sabe pq tá apanhando

Ah e agora José, e agora José
e agora José, mais e agora José
e agora José, mais e agora José
e agora José, mais e agora José
e agora José, e agora José
e agora José, e agora José

a menina foi à loja do cidadão pagar uma conta em atraso

A menina Pires foi à loja do cidadão
e encontrou gente de muitos feitios.
Apanhou uma senhora muito engraçada à sua frente
que queria ser atendida por uma pessoa específica
e não saía dali enquanto não viesse a dona Isabelinha
Só falo com ela, eu quero ser atendida por ela,
só ela me compreende.
Quase humilhante para a rapariga que estava a atender
e que lá teve de chamar a Isabelinha.
Tudo se resolveu, atrás da menina já ninguém percebeu,
não desautorizou ninguém afinal,
foi só uma demora que deu para olhar para outra senhora
que tinha prioridade no atendimento.
Eu dou-lhe a senha, eu dou-lhe a senha.
E deu.
A conta da electricidade é que não desceu.

As coisas são e não são


Sem sonhos, menina Pires, não há liberdade nenhuma. As coisas são e não são como são. Isto é, vão sendo assim, mas serão sempre diferentes, contêm o que vem no que existe vivo. Falo dos homens, que são lobos e não serão.