quinta-feira, 23 de setembro de 2010

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

poema para o desenho sete de vinte e três desenhos e um fragmento de MD

a senhora do cabelo às ondas
e o senhor do nariz comprido
estacaram frente a frente
ela ia dar uma palavra à costureira
ele ia pôr em ordem o escritório
e por isso eu acho que já se conheciam há muito tempo

mas naquele dia ao cruzarem-se
as pupilas dos quatro olhos fixaram-se umas nas outras
e o senhor parecia que tinha
deixado de ser mentiroso
e a senhora parecia que tinha
entrado a bordo de uma nave do tempo
e já não se sabia se estava no passado, no presente
ou no futuro

ficaram assim
como estátuas de jardim
durante um monte de segundos eternos
até que o nariz comprido começou a arder
por causa do cachimbo

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

poema para o desenho seis de vinte e três desenhos e um fragmento de MD

O bigode, a boina, a gola imitada
A cor azul, verde, encarnada

O oleado do chão da casa da minha avó
Rua Feliciano de Sousa, 48
podia ser feito desta malha
A China representada por um chinês e uma toalha

E a toalha com buraco a compasso
é bandeira do Japão

As pernas cruzadas descentradas
meditação

Mundo longínquo
mascarado
posição de circo
do outro lado da terra
nos anos 20
a escala varia

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

poema para o desenho cinco de vinte e três desenhos e um fragmento de MD

espantado em fato azul
olhos arregalados borlas vermelhas
quanto ganhas tu?
fazendo de bobo
arranhando o violino vermelho boneco
o que ganhas tu?
assustado do riso dos outros
o chapéu de mago que só comunica com deuses da lama
os bastidores cheios de jaulas com animais rotos e parados
sem luz com pó e tu que chegaste montado numa mula
e partirás amanhã descalço
a fatiota de desenhos naifs bem guardada numa mala
e chegas a outra terra noutro cruzamento
já sem Chanfalla e Chirinos
- Música, palhaço!