segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A silhueta andava a ler João Guimarães Rosa...

"- Que é que é teatro, Mãe?" - Miguilim perguntara. - "Teatro é assim como no circo-de-cavalinhos, quase..." mas Miguilim não sabia o que o circo era.
- Dito, você vai imaginar como é que é o circo?
- É uma moça galopando em pé em riba do cavalo, e homens revestidos, com farinha branca na cara... Tio Terêz disse. É uma casa grande de pano.

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Mas Pai tinha tirado por tino, conversava: - "Seo Deográcias, o senhor que sabe escola, podia querer ensinar o Miguilim e o Dito algum começo, assim vez por vez, domingo ou outro, para eles não seguirem atraso de ignorância?"
Mal de Miguilim, que de todo temor se ameaçava. O arujo daquilo. Então, o que seo Deográcias ensinasse - ele e o Dito iam crescer ficando parecidos com seu Deográcias?

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Ser menino, a gente não valia para querer mandar coisa nenhuma.

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"Sanhaço pia uma flauta... Parece toca aprendendo..." "-Que é que é flauta, Tio Terêz?" Flauta era assovio feito, de instrumento, a melhor remedava o pio assim do sanhaço grande, o ioioioim deles... Tio Terêz ia aprontar para ele uma, com taquara, com canudo de mamão? Mas, depois, de certo esqueceu, nunca que ninguém tinha tempo, quase que nenhum, de trabalhar era que todos careciam.

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