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sexta-feira, 27 de dezembro de 2019
segunda-feira, 23 de dezembro de 2019
o sete
Quero morrer
quero morrer
quero morrer
às sete da manhã
quero morrer
fiquei solta sozinha abandonada perdida
tenham filhos netos bisnetos sejam felizes e deixem-me
quero morrer
quero morrer
às sete da manhã
quero morrer
fiquei solta sozinha abandonada perdida
tenham filhos netos bisnetos sejam felizes e deixem-me
terça-feira, 29 de outubro de 2019
Caderno do caderno
Abro-te sempre ao contrário
do fim pró princípio.
Oh, caderno cronológico
do mundo ao contrário...
O que interessa
a linha do tempo?
Quando já todos aprendemos
que nada é linear
que nada é óbvio e consequente.
Abro-te caderno ao contrário.
Desafias-me.
*
Tanto que escrevo
à noite
quando a vida acontece
só cá dentro
da minha cabeça.
E quadros e cadernos
e poemas e canções
discursos inteiros em reuniões
e nada
no dia seguinte.
No intervalo,
sonhos.
*
Como querem que escreva
num bar onde não se fuma?
*
Faltam aqui dentes
tão importantes
um que bebia CRF
por exemplo
e que já não tinha dentes.
Faltam aqui dentes
para mastigar o mundo
insuportável
barulhento
agoniante.
Faltam aqui dentes
como pedras do asfalto.
*
Agora fazia assim.
Agora publicava tudo.
Porque o vómito precisava.
Agora já não havia bom e mau
mas só avalanche
verborreia
enxurrada.
Agora era mandar tudo
contra a parede
contra todos
até que todos
fugissem de mim.
*
Vou ter um cão
mas não vai ser meu súbdito.
Oh, que incongruência!
Então, pronto,
não vou ter um cão.
Vou ter um gato
autónomo
e independente
a comer da minha gamela...
*
Ao lado
nas escadas
tão típicas
de Lisboa antiga
cantam-se músicas
tão conservadoras e
agoniantes
que tenho de deixar
de estar aqui sentada
não suporto mais
o destino a lágrima
a felicidade plástica
dum povo cego
e o seu amor
pela cultura de massas.
*
Berrei e travei ao mesmo tempo
O passeio tem um tempo mais lento
Às ruas teimamos chamar estradas
Trememos de calçado nas calçadas
Os pés cortados
por esporas e pedais
As mãos torcidas
por tocar botões demais
Decapitados
por drones virtuais
Acidente de bicicleta
Fui chocar com a trotineta
O metro ainda tá caro
Por aí...
ainda há muito carro
do fim pró princípio.
Oh, caderno cronológico
do mundo ao contrário...
O que interessa
a linha do tempo?
Quando já todos aprendemos
que nada é linear
que nada é óbvio e consequente.
Abro-te caderno ao contrário.
Desafias-me.
*
Tanto que escrevo
à noite
quando a vida acontece
só cá dentro
da minha cabeça.
E quadros e cadernos
e poemas e canções
discursos inteiros em reuniões
e nada
no dia seguinte.
No intervalo,
sonhos.
*
Como querem que escreva
num bar onde não se fuma?
*
Faltam aqui dentes
tão importantes
um que bebia CRF
por exemplo
e que já não tinha dentes.
Faltam aqui dentes
para mastigar o mundo
insuportável
barulhento
agoniante.
Faltam aqui dentes
como pedras do asfalto.
*
Agora fazia assim.
Agora publicava tudo.
Porque o vómito precisava.
Agora já não havia bom e mau
mas só avalanche
verborreia
enxurrada.
Agora era mandar tudo
contra a parede
contra todos
até que todos
fugissem de mim.
*
Vou ter um cão
mas não vai ser meu súbdito.
Oh, que incongruência!
Então, pronto,
não vou ter um cão.
Vou ter um gato
autónomo
e independente
a comer da minha gamela...
*
Ao lado
nas escadas
tão típicas
de Lisboa antiga
cantam-se músicas
tão conservadoras e
agoniantes
que tenho de deixar
de estar aqui sentada
não suporto mais
o destino a lágrima
a felicidade plástica
dum povo cego
e o seu amor
pela cultura de massas.
*
Berrei e travei ao mesmo tempo
O passeio tem um tempo mais lento
Às ruas teimamos chamar estradas
Trememos de calçado nas calçadas
Os pés cortados
por esporas e pedais
As mãos torcidas
por tocar botões demais
Decapitados
por drones virtuais
Acidente de bicicleta
Fui chocar com a trotineta
O metro ainda tá caro
Por aí...
ainda há muito carro
este buraco
furavam-se os montes
e planos
e montes e montes
de planos
em nome da busca do lítio
imprescindível
para animar cavaco
o nosso bacalhau seco
morto há anos
mas que ainda mexe à janela
a nossa
rainha de inglaterra
- Gostas mais do papá ou
do Marcelo?
e planos
e montes e montes
de planos
em nome da busca do lítio
imprescindível
para animar cavaco
o nosso bacalhau seco
morto há anos
mas que ainda mexe à janela
a nossa
rainha de inglaterra
- Gostas mais do papá ou
do Marcelo?
segunda-feira, 7 de outubro de 2019
fotocopiado à noite
Falta aqui um poema
daqueles com palavras difíceis
lobrigando horizontes
Falta aqui também o dicionário
para dizer como foi equivocamente edulcorada
a simplicidade recendida
das vidas
Falta aqui um poema novo
carpicamente escrito
sem tendinites
nem otomastoidites
Fotocopiado à noite - escuta! -
sereno e rebelde
na estuância perante a injustiça
Falta aqui inacabado
mas pode ser desenhado
tal qual a silhueta
com a sua impedância inaugural
daqueles com palavras difíceis
lobrigando horizontes
Falta aqui também o dicionário
para dizer como foi equivocamente edulcorada
a simplicidade recendida
das vidas
Falta aqui um poema novo
carpicamente escrito
sem tendinites
nem otomastoidites
Fotocopiado à noite - escuta! -
sereno e rebelde
na estuância perante a injustiça
Falta aqui inacabado
mas pode ser desenhado
tal qual a silhueta
com a sua impedância inaugural
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