como são tolas as pessoas
que fazem crer às outras que são unas
e de fora parecem realmente
mas lá por dentro dilaceradas como tu
porque é raro encontrarem-se as coisas
com as ideias
como dois amantes
e os dois lados de ser e não ser
e as vidas diferentes que vivemos
e que queríamos que fosse uma só
uma só
2.
e entretanto acção e sonho
como irmãos
rompem diques ou então
acumulam energia como barragens
e fazem saltar até as pedras
que atingem os fantasmas levantados
e por eles passam como passam os
passados repassados
pelos véus das aparências da
história histérica
simplificada, porque o essencial não
se conta
fica atrás, escondido
foi a
dúvida
e o que sem querer recusaste
3.
já era tempo de te escrever outra vez
minha irmã
ou fazer aquele monte de canções
desoladas
muito tristes e engraçadas
para crianças que entendam o que a
vida pode ser
e mulheres e homens que não tenham
desistido de sentir
a beleza da jangada e da casa lá em
cima
contigo brincando na árvore e nas
ameias
de um castelo inventado para ser
atacado
e defendido dos brutamontes com
armadilhas de piratas
ardilosa combatente
astuta coruja
silenciosa e nua
tu és bela e vermelha
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