quarta-feira, 6 de maio de 2015

O livro de ontem à noite (para publicar amanhã)


Como escrever a andar
como quem come o impossível
o andar-ritmo, estilo, tipo
e a voz alta a ditar as regras
o individualismo desuniversal
a coisa só-si
a ser aberta-fechada, malcriada
e o travão-apagão visitante
como fazer assim o que se quer
como quem come o desistente
sonolento de saudades e na goela anti-partos
carapaças linhas duras
a mão desvia o padrão azul
a mão cai depois e não sabe
a mão ganha cabeça










Apanhado em flagrante num instinto comunitário
o gato senhor de si vira a cabeça
finge dormir de orelha alerta
dá o flanco de costas.
Os gritos de cio ou abandono
são iguais aos de crias humanas largadas nas bermas das estradas.
Como pode um preso libertar outro preso?
O gato não ronrona esta noite
ganha torcicolos
sobressalta
regurgita







não era a distância
entre nós e o barco
éramos nós o barco
e o nós era outro e já não se via
numa espécie de miopia

daí talvez os gritos de gato voador
ouvidos mais acima
ouvidos-alerta do gato do sexto
e o escrever a voar

e, pois canté, os nós eram só eu
ilha extinta pela distância








inventa-me um título
mas não me perturbes
coça-me o testículo
mas não me masturbes

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