quinta-feira, 14 de maio de 2015

Apocalipo de cola

A esta hora, a depressão imensa cai-me por dentro. Os pratos por lavar, mesas com papéis e comida, cotão na cama gritam-me no estômago a angústia. A testa aperta, o coração mirra, tu estás em coma, a dormir. Não oiço nada, o que oiço apago a borracha. As aparas da borracha são brancas. Quero desistir, perdi as forças. O cérebro muito racional e científico fala-me em voz grave. É fome, é sono, trabalho a mais, cigarro a mais. E o super-cérebro ou alter-cérebro pergunta: e a solidão? Andas a ver demasiados anúncios de cerveja, diz o cérebro. Não percebes nada do mundo, só olhas para ti, responde o outro, o alter. Ou super. Autodestruo. Os olhos, a boca, os pulmões, o estômago. A pele. Os dentes. A caveira cava-me e abre orelhas, olheiras, alheiras, alheias, areias, áreas e árias. As tépidas mentes doentes do ente. Tusso para sempre. Comem-me a carne as pulgas. Outra estratosfera diz que a culpa é da hora. A que começou a escrever. Horas, hei-de esfaquear-vos. Para que precisamos de horas e de que elas sejam diversas? Venham ser diversos os segundos. Mas desisto de discussões e lutas. Felizmente, durmo.

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