segunda-feira, 28 de abril de 2014
terça-feira, 22 de abril de 2014
errar: pôr erres
a barata que fez a avozinha fazer a cara mais feia que lhe
tinha visto
a barata resistia ao ataque nuclear e ao esmagamento de
garrafa, engarrafamento
a barata vivia ali sem saber se antes se depois do 25 de
Abril
eles queriam mostrar-nos como esse dia, como esses meses,
tinham sido importantes
mas nós queríamos era mudar as coisas agora
já enjoávamos do “foi
assim”, apesar de não conhecermos quase nada do assim
a importância da memória e da experiência só se ganha com
necessidade vinda de dentro e isso só acontece quando fazemos coisas
deixem-nos fazer
a barata perdeu a pata mas continuou a espernear
a barata já tinha só metade do corpo e continuou a espernear
à avozinha bastava-lhe que não estivesse em cima do prato
dela
enquanto esperneava estava eu a pensar
em quando dizes que é preciso repetir
que resistir é repetir
que quando se repete se repete de outra forma
com outras palavras, outros pontos de vista, acrescentando
pontos aos contos ou contos aos pontos
que não é obrigatório toda a gente saber tudo o que a
humanidade já sabe
que isso seria impossível
só vou odiar o teu carrasco quando ele for meu carrasco
também
isso não passa por tradição ou honra familiar ou classe ou
clubismo
só quando me passarem a perna é que vou dar atenção às
histórias antigas de quando te passaram a perna
deixem-nos levar com as pernas agora
e era assim o avançar da história do mundo
porque ninguém sabe tudo o que a humanidade já sabe
isso do aprender tinha muito que se lhe dissesse
porque é sempre preciso experimentar com as próprias mãos
errar errar errar, o caminho não era sempre em frente
cada pessoa tinha de picar o dedo num alfinete para saber o
que era a dor
e era assim que eu esmagava a barata como quem esmaga a
evolução
segunda-feira, 7 de abril de 2014
das diferenças abissais
Nem nada.
Sermos iguais, mais iguais
do que imaginamos.
Eu não ser
tão forte como julgas
tu
não seres tão frágil como julgas que aos meus olhos és
termos este frio nos pés.
Eu pensar em ti tanto ou tão pouco
como tu em mim
respirarmos o mesmo cancro do ar
eu querer iniciar
poemas de telemóvel e tu
um centro jornalístico na nuvem.
Não odeias tanto o cantar
como eu te imagino a odiar.
E respiramos este ar de cancro comemos esta comida de cancro somos tratados pelos mesmos hospitais que não sabem tratar o cancro.
E se for só isso,
somos só conhecidos.
Sermos iguais, mais iguais
do que imaginamos.
Eu não ser
tão forte como julgas
tu
não seres tão frágil como julgas que aos meus olhos és
termos este frio nos pés.
Eu pensar em ti tanto ou tão pouco
como tu em mim
respirarmos o mesmo cancro do ar
eu querer iniciar
poemas de telemóvel e tu
um centro jornalístico na nuvem.
Não odeias tanto o cantar
como eu te imagino a odiar.
E respiramos este ar de cancro comemos esta comida de cancro somos tratados pelos mesmos hospitais que não sabem tratar o cancro.
E se for só isso,
somos só conhecidos.
sexta-feira, 4 de abril de 2014
história da gordura
Era uma vez uma rapariga que estava tão apaixonada e o seu amor tão longe que engordava à conta de colheradas de Nutella, de madrugada, antes de ferrar no sono.
A pasta castanha, deliciosa, descia ardendo pelo esófago, viajava descendo até às canelas, e subia depois, antipaticamente, para se instalar nas coxas e no rabo.
Imaginem só os pesadelos dela: culpada da pasta, pesada das coxas.
E os pesadelos da dita, enquanto autora best-seller que escreve, a fingir de pessoal e íntima, a história de toda a gente. Que nem emaranha pela ficção científica. Apenas versa a miséria fisico-sexualo-mental destas raparigas que apagam a luz depois das colhereradas e assentam a cabeça sobre a almofada das imagens feitas do mundo, e não dormem tranquilas.
Um dia, ela engordou tanto que se tornou feliz. Ria e cantava com brilhos nos olhos. E sabia que quem gostava dela gostava mesmo dela. Tinha amigos a sério. Escreveu então um tratado sobre os benefícios das calorias.
Morreu aos 84, como qualquer outra pessoa. Hoje ainda sorri em Plutão.
A pasta castanha, deliciosa, descia ardendo pelo esófago, viajava descendo até às canelas, e subia depois, antipaticamente, para se instalar nas coxas e no rabo.
Imaginem só os pesadelos dela: culpada da pasta, pesada das coxas.
E os pesadelos da dita, enquanto autora best-seller que escreve, a fingir de pessoal e íntima, a história de toda a gente. Que nem emaranha pela ficção científica. Apenas versa a miséria fisico-sexualo-mental destas raparigas que apagam a luz depois das colhereradas e assentam a cabeça sobre a almofada das imagens feitas do mundo, e não dormem tranquilas.
Um dia, ela engordou tanto que se tornou feliz. Ria e cantava com brilhos nos olhos. E sabia que quem gostava dela gostava mesmo dela. Tinha amigos a sério. Escreveu então um tratado sobre os benefícios das calorias.
Morreu aos 84, como qualquer outra pessoa. Hoje ainda sorri em Plutão.
Como
Como como como.
Como como quem come.
Como como quem como.
E quem como come como come, que é como dizer que come como como.
Quem me come come como quem come.
E eu como quem me come como quem come, também.
Como como quem come.
Como como quem como.
E quem como come como come, que é como dizer que come como como.
Quem me come come como quem come.
E eu como quem me come como quem come, também.
quinta-feira, 3 de abril de 2014
e o asfalto é tão largo...
Em resposta a um apelo que por aí circula, TODOS OS RIOS VÃO DAR AO CARMO!, o Coro da Achada virará rio no asfalto que sai do Largo da Achada (parte às 20h30) e cantará colina abaixo, colina acima, até se fazer mar, no Largo do Carmo (chega às 22h).
Vem daí! É andar! De voz ou panelas em punho…
TODOS OS RIOS VÃO DAR AO CARMO
Na noite de 24 de Abril saltam rios de vários pontos da cidade. Vários rios de gente que quer estar na rua neste dia – em vez de estar sozinha em sua casa – e que, com panelas, instrumentos, pancartas, vozes e vontades, desaguam no Largo do Carmo.
Não é por acaso que queremos regressar a este sítio. Não só porque faz 40 anos que este largo se encheu de gente que não obedeceu às indicações de ficar em casa do Movimento das Forças Armadas, mas também porque queremos viver e reclamar o espaço público.
Para estes rios existirem, terão de ser criadas nascentes. Pega em ti e nos teus amigos, no teu grupo musical, no teu colectivo ou na tua equipa de atletismo, fala com outras pessoas, pensa num ponto de encontro, organiza o teu percurso.
Participa, traz as tuas ideias e vontades, instrumentos, comida, bebida e um saco do lixo.
riosaocarmo@riseup.net
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Outras nascentes e rios
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