sexta-feira, 11 de maio de 2012

A monte

Diana das origens
perseguida por faisões
faisões que coaxam e incham
e batem as asas
estalam as asas
Diana a trotar
à procura do arco
à procura do cio da terra

Cacilheiro, Joana, autocarro, laranja, Alcântara-pai, Paço de Arcos, Richard, tamanho, Parede, ginecologista, S. Pedro, casas, avós, prima, tios, S. João, avó Arlete, casa, cheiro, criança, linha, som, criança, S. Pedro de Moel, relâmpagos, acampar, mar, Porto Covo

Mulheres que param e sorriem
fogem
das zonas agitadas
de famílias e adolescentes
olham-no e ao horizonte
e sorriem

Vale sempre a pena vir ver o mar. Nunca desilude. É sublime. Embriaga-nos. Despe-nos as angústias com as ondas-garra. Puxa como um ancinho. Oferece-nos maresia ao mesmo tempo, para garantir que não dói. O mar tem sempre segredos com as pessoas. Com cada uma. E nunca conta nada a ninguém.
Quero dedicar-te metade do meu tempo, mar. Vir aos sítios em que és mais como eu te vejo. E na outra metade serei archeira, também - mas nos pinhais. Abriu a época de estivar ânimos.
E nesses bancos respirarei. Os avós, os amigos, os amores, as casas, as viagens, os cheiros, os sons, as memórias com objectos, as contra-regras, os contrários, a exody, as linhas, a linha do horizonte, a linha que não é uma linha, ou então imaginar de repente que vivemos num prato e um grande gigante nos pode comer a qualquer momento.
Poder beber o sumo todo antes da comida. Deitar fora o leite e aquelas roupas. Ter coragem. Disto e daquilo. Perceber que a Inês anda comigo. Lembrar da coluna. Dar ar ao tórax.
Viva o youtube, que tem vídeos sobre os peixes voadores. E agradeço ao café ter pão do rijo, e só levar uma salsicha. O mundo parece belo, de repente. Vamo-nos esquecer da mentira. Um bocadinho. Outra rapariga sorri ao ver o mar. E tira fotos aos avós iguais às da minha avó. Aqui vive-se diferente, parece.
Chegaram agora as gaivotas de prancha. São negras em contraluz. Não tenho horas. As horas dos outros são muitos cães e crianças. Não me dão inveja. Ainda sou, ou já, a mulher que sorri quando chega ao mar.
E depois havia tudo o resto, ainda mais intratável. Os dois fenómenos mágicos. O anoitecer e o amanhecer. Que carradas de coisas. Não dava para explicar.
E então era só trocar os horários. Combinar outras coisas com o tempo. Mas o mais difícil, era mudar o ritmo da respiração. E aquilo da coluna.
Da feiura não tenho medo. Mas o belo dá força. 

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