terça-feira, 29 de julho de 2008

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Falta de amnésia

Está difícil imaginar o futuro
o presente é um muro
duro

É preciso esquecer para
lembrar o que vai
acontecer

Abre-se a reminiscência
o parto luminoso
aprender

Não existe o espírito eterno
é só brilho ideal e parte
da ignorância

Não podes reencarnar
mas podes convidar filósofos
para jantar

E assim uma mentira grega
pode ajudar a esquecer
a esquecer a verdade

segunda-feira, 21 de julho de 2008

O sextos da Kylakäncra

I

tu numa carcaça vermelha
semi-recheada de estruturas
com bases anti-raio de ligação ao mundo

juntas as pestanas em ralenti
acalmas o tambor do peito
abres os canais e eles quase latejam

queres a estrela só reflexo
articulando a asa está frio
acendes depois de tudo um cigarro

tu numa carcaça vermelha
ela de olhos fechados
ela a dormir e tu não consegues

não és uma máquina
não tens motor
o vermelho grito afinal é teu


II

quatro luzes na ribalta
a luz dos que gritam
a luz dos que sorriem
a luz dos normais
a dos amigos dos animais

a força vem da primeira
a dúvida vem da segunda
o rangedor é na terceira
o veneno vem da última de todas


III

se grande se escreve
com letra pequena
e pequena
se escreve com letra pequena
temos duas pequenas:
uma pequena e outra grande


IIII

o papel mas
no outro sentido
no outro sentido

as letras no mesmo
quando já se virou o sentido
do papel

também se podia virar
o sentido das letras

é tão raro


IIIII

páginas aos sextos mal vincadas
os tímpanos quase furados
um subproduto humano a ajudar

para quê descrever o quadro?
e se um grão de terra do chão
se começar a mexer?
um som a crescer?

de repente

voltaram os tímpanos
seria para durar?

dormir
dor-mir é que era bom


IIIIII

sempre que aquele cão se aproxima
o outro rosna.
é preciso que se afaste um cão do outro!
devem chamar-se muitos cães
e aumentar a confusão;
que a matilha seja um labirinto
para o cão que se aproxima
e para o cão que rosna!
é preciso apaziguá-los
domá-los
catequizá-los!
E que ninguém rosne neste país!


IIIIIII

ouve
quero sair daqui
quero ir-me embora, partir, sumir
fugir
deixa-me fugir contigo
e para onde formos que seja longe
longe mas quente
e as minhas têmporas aí amolecerão
contigo e mar a brilhar em frente
ou então por todos os poros
o mar

quinta-feira, 17 de julho de 2008

elefante














elefante é príncipe
porque liga infante
e elegante

elefante é grande,
maior do que o homem,
e pesa

elefante tem uma tromba que faz tu tu tu tu
elefante tem uma tromba que canta
que canta

elefante é da selva,
filho d’algo rebelde,
e marca

elefante é animal
pisa a flor do chão
e repisa

sexta-feira, 11 de julho de 2008

mais uma lição de francês


A menina pires pensou em ir à manifestação
contra a família, a propriedade e o estado,
mas não pode.
Tem a lição de francês,
depois vai a correr para a festa de casamento
da sua melhor amiga.
E ainda tem de se vestir.

pires


sombra de dúvida

Uma sombra é uma região escura
formada pela ausência parcial da luz,
proporcionada pela existência de um obstáculo.

Shadow of a doubt
Hitchcock, 1943

chanson de la pierre

j'aime bien la trotinette
j'aime bien le révolu
j'aime bien si tu es bête
j'aime le pion et le fou
j'aime la tempête
j'aime l'amèr
j'aime la pierre
de la rue



j'aime mal la douceur
j'aime mal l'amour
j'aime mal la peur
et l'épée de la peur

j'aime la tempête
j'aime la trotinette
j'aime la pierre et le chien
de la rue

(a menina pires dá erros em francês)

terça-feira, 8 de julho de 2008

antes


antes a porca matéria

que as ideias de ferro

miséria

é não cometer nenhum erro

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Senhoras fortes

clica na imagem para leres o texto

Modas & Bordados, 21/2/1945, p. 8