Não convivi muito com a Lena nestes últimos tempos, mas a Lena anda comigo na vida, no meu dia-a-dia, julgo que para sempre. Aprendi tantas coisas com ela que estou sempre a valer-me dessas aprendizagens. Formam o meu pensamento, formam os meus gestos.
Aprendi, por exemplo:
- que as plantas no Inverno têm água e estão bem, mas, no Verão, «estão em sofrimento» - por isso não se deve fazer podas no Verão;
- que as ondinhas esbranquiçadas que às vezes aparecem na t-shirt são os sais deixados pela transpiração;
- que não é no dia 24 de Dezembro que se deve dar prendas mas sim em 6 de Janeiro, que foi quando chegaram os reis magos;
- que há pessoas que nasceram num dia (por exemplo no dia 3 de Agosto), mas foram registadas noutro (por exemplo no dia 4 de Agosto), e que os BIs podem dizer mentiras;
- que uma pessoa que eu sempre vira de cabelo curto podia já ter tido tranças;
- que se pode ter os olhos cinzentos, e que se pode formar um círculo à volta da íris dos olhos, e que esses olhos podem ver objectos voadores não identificados;
- que se pode ser uma mulher independente com 50, 60, 70 anos e, para além de fumar com gosto e beber whisky, admitir o enorme prazer que dá rebentar as bolinhas do plástico-bolha;
- que ter avós emprestadas é alargar mundos;
- que se pode dizer que não quando não nos apetece, só porque não nos apetece;
- que se pode tentar calar a dor assobiando, sorrindo e cantarolando palavras estrangeiras.
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