sábado, 7 de junho de 2025

árvore

lado direito da frente da folha

Ainda não aceito
sigo amarela a rir
ainda não aceito

Se paro começo a sentir
o vinho acre
num ponto central interior e distópico
como o infinito
que há cá dentro a flutuar

Já tenho saudades
e ainda não sei
como será passarem anos
sem conversar contigo


lado esquerdo da frente da folha

Uma morte em aflição
o desassossego que deixa

eu
viva e irresponsável
culpada em sensação

espezinha-se tudo
até que desapareça
sob a calçada e sob a praia

continua-se o caminho autómato
até ao muro


lado esquerdo do verso da folha

uma margarida, um maçarico
uma mãe e um marques
sentaram-se comigo à mesa

um murmurou, um motivou
um magoou, um moderou
como se eu merecesse
música, medrar
merda e mesura

foi quando eu arranjei coragem
para lhes dizer
não me apetece mais

silêncio
(e muda magia
mártir marca)