quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Se eu fosse uma mesa
Se eu fosse uma mesa podia ter uma perna, duas pernas, três pernas ou quatro pernas.
Se eu fosse uma mesa podia ser pesada de mármore, maciça de carvalho ou ter telhados de vidro.
Podia ser desmontável ou não passar na porta. Podia ter bicos e lados e não deixar casar, ou ser redonda, ou ampliar. Se eu fosse uma mesa podia estar à janela ou fechada numa salinha interior, ou então podia ser uma mesa de jardim para jogar às cartas. Podia ser uma mesa para comer ou para escrever, ou então para as duas coisas, ou ser uma mesa de mistura. Podia ter um presidente ou lançarem-me pontos de ordem. Se eu fosse uma mesa tinha um lado vertical e um horizontal. Se eu fosse uma mesa tinha partes duras ou à pressão. Podia estar posta ou não. Se eu fosse uma mesa estava farta de cadeiras. Se eu fosse uma mesa não tinha nome e só os loucos falavam comigo. Se eu fosse uma mesa talvez juntasse o útil ao agradável. Podia ter manchas, pregos e cola, e pastilhas debaixo do tampo. Se eu fosse uma mesa não falava, mas podia ranger ou cair e podiam-me bater e lavar. Ainda não sei bem se gostava ou não de ser uma mesa.
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