
Os dedos entre os cabelos
precipitação estremecedora de desejo
e as pontas deitam gotas de melaço.
Apertam-se as pestanas
respira-se perto o cheiro
e quando parece imparável a marcha
quando já fazemos parte dos grãos de areia
do fundo do mar
e dos magmas ardentes do centro da terra
quando já os deuses e ninfas
pairam à volta dos imans que emanam
cantando que tudo é bom e belo
que nunca existiu o pecado cristão,
um fio de razão
consegue esgueirar-se.
Entreabrem-se as pestanas
e os olhos que se vêem
avisam e querem
puxam e repelem
beijam e fogem.
O fio engrossa, os peitos ganham distância
e esta frase:
Se noutro dia
E acorda-se com o sabor da verdade na boca.
E o corpo cheio de mel.
Sem comentários:
Enviar um comentário