Ah, insanidade, vem com a idade
cabecinha sem tempero
faz chorar de riso com pouco siso
um riso tão desespero
Ah, porque você é louco assim?
assim, tão desandado
ah, cabeça minha, quem é do contra
não conhece sanidade
Vai, meu coração, esquece a razão
usa só loucuridade
quem semeia vento, diz a paixão
colhe belas tempestades
Pão, meu coração
larga miolo, miolo esfarelado
Vai, porque quem guarda o miolo
nunca é desmiolado
quinta-feira, 29 de dezembro de 2022
versão
quarta-feira, 7 de dezembro de 2022
Ruge
Trovoada.
As pessoas fazem perguntas estranhas: tens mais medo do trovão ou do relâmpago?
E agora reparo
O relâmpago faz-me fechar os olhos, baixar a cabeça, querer enterrar-me, começo a ter dificuldade de respirar, começo a arfar.
No trovão fecho mais os olhos, recolho os ombros, junto o queixo ao peito, tremo, peço desculpa por todos os males que fiz. Os trovões demoram.
Na absoluta fragilidade.
Uma trovoada mesmo em cima e eu fechada dentro de dois metros quadrados com um inimigo.
Os pneus são de borracha - dizem-me as pessoas que me fazem perguntas estranhas.
O que é que isso interessa?
terça-feira, 22 de novembro de 2022
as pedras fora dos bolsos
que me deixassem prolongá-lo
que as paredes do corpo agarrassem aquela sensação cá dentro
os caminhos: a arte com palavras e cores
as dores: a corrida cinzenta
sem conversa, dança ou amores
ideias: soltas loucas mas
irmãs da persistência
(isto ontem)
terça-feira, 15 de novembro de 2022
quarta-feira, 9 de novembro de 2022
chove agulhas
o mais bonito de tudo são os teus olhos, gato
a preverem a parede a cair
que o vizinho mina
salpicam-te as costas as cãs
lembra-me a rima as rãs
escoo tudo por um gargalo
a receita pede minutos
as dores reais mais páginas
mas que mais dos ais?
imagens?
quarta-feira, 2 de novembro de 2022
papel impermeável não dá pra escrever
faltava o açucarado húmido
das flores laranja dos jardins dos açores
ou algum pedaço de moléculas de ar da serra da estrela
) o som da televisão entupia tudo, enchia, ocupava à força,
opiava (
faltava uma residência literária termal de quinze dias
sábado, 29 de outubro de 2022
dez minutos de teclas depois do ocaso
antes de ligar a rádio
terei voltado? assim mesmo sem volts?
depois de ligar a rádio
pensar depois depois não agora
sempre pra depois tudo pensar depois e depois
nunca
e a propósito daquilo:
eu não sou eu nem sou o outro
nada é, tudo se transforma a todo o momento
blá blá blá
e às vezes transformamo-nos pouco
demenos
se há demais porque não há demenos?
quinta-feira, 20 de outubro de 2022
15 de outubro
as estrelas todas que aprendi contigo
desaprendi-as
eu mitómana mitocôndria
os insectos fora dos alfinetes
um lenço roxo o SG lights as pedras
planetas de pirite falsos cubos nebulosas
ainda há cá clorofila
e faltam estrelas d’acampar