Na minha casa suja
corroo fel verde no estômago
reviro as regueifas pra dentro do avesso
sibilantes secas e ranger da madeira
dor que não se diz
raiva medo nojo ódio
pontapés de pés entumescidos de imóveis
gritos a rasgar peitos de não saírem
o tudo perdido
o só
cresce o umbigo pra dentro da barriga
acende-se o ardor desse cancro que se cria
quer-se morte
não se sabe dar ao corpo
a roda e o joão e o calor
aprendidos nos primeiros livros
*
desde quando este chorar louco
que não se pode explicar
e atrás da porta o papão da razão
a soluçar a saber do meu atraso de amanhã
ou a falta de cérebro por um dia
quando as chaves da jaula
quando o riso nunca
néstias réstias empeste-as
empreste-as más
ou então beber a loucura por uma vida
uma noite
de constelações
já descarreguei
a aplicação das estrelas
*
deixem-me
mini-choques
eléctricos ardentes
latejar de células
excitadas extenuadas
acabadas de ressequidas
de absorvidas
deixem-me
paz tréguas
espaço léguas
o fresco leve dia
que já não há
rugas, buracos de dores
em luta
contra o coração
sapos, açaimes, adiamentos
fugas, cimentos cinzentos
monstros
eu tinha uma espada que derreteu
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
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