e perguntou a um velho
quantos anos
quantos anos de vida
O velho soprou as velas
mantendo-se vivo
vivo com os pulmões vazios
prontos a encher de ar os fios
A sua imagem é fria
seca e fria de fomes passadas
todas satisfeitas por amigos e dois
dedos
porque a mãe não teve leite
não teve, sei lá porquê
Ele ama a pulsação das oliveiras
quanto mais perto do mar melhor
não tem medo das ondas grandes
não tem
já ficou uma vez à espera num barco
Quando saía à caça e voltava
era regressar a casa depois de um
protesto
desolação um pouco
cumprido o caminho
comprido
Depois precisava de um copo
e outro
e outro
e outro
a casa
Agora não tem fome que chegue a desejar o dia
espera o dia
e dorme malzote
dorme mal de noite