A música não fará as pazes com a fúria
nem se zangará com Alecto
A música ocupar-se-á do tempo seguinte
sem expulsar os cinzentos
A música terá os olhos vermelhos
de tanto enfrentar a violência
com sentidos novos
A música saberá que vai
insatisfeita, não se retira
Fica sem parar
como o lume
Tem serpentes no cabelo
como Alecto
O pássaro ou ela itinerando
- é demasiada liberdade
para os deuses concordarem
Juno não quer mais disso,
diz que seja qual for a luta que está para vir
ela mesma tratará do assunto
Despede Alecto então
que só arranja confusão
em todas as grécias
A música começará,
outra vez aguda
A música gritará baixinho
para orelhas moucas
A música
desrespeitará o pacto da tirania
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
A vida está toda à tua espera
Sou o tempo das desrazões, proponho todos os dias que
acordes sem saber do futuro e tenhas de te submeter às oportunidades
inexistentes da serpente, enquanto os dedos se assustam. O teu caminho será
solitário e penoso, até chegares à fronteira. Daí para diante és livre, e podes
recusar a vida de cão à vontadinha, desde que desembolses o suficiente para as
despesas. Como é evidente, tens de mostrar os documentos.
Chama-se letra morta, é a promessa que nunca será cumprida,
são os teus sapatos rotos que pisam o sangue e a pedra. Melhor, são as mentiras
dos teus antepassados vividas por ti, enquanto respiras. A canção que melhor
condiz cantou-a um homem baixote no beco de maria da guerra:
A vida está toda à tua espera
Sósias teus em todas as esquinas
Fazem saltar as sombras
No meu corpo de fantasma
A vida está toda à tua espera
Os amigos são dobrados pela renda
Apanham cacetadas
Em páginas de jornais
A vida está toda à tua espera
Antes de avançares olha os bandidos
Vou tirar o jugo
Antes que seja tarde
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
domingo, 4 de novembro de 2012
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